Em tempo de julgamento de mensalão, ao ouvir os votos dos distintos ministros, fico sempre com a velha dúvida: Direito ou justiça?
A velha pergunta que assusta e assombra os pobres mortais que não conseguem entender como um corrupto pode ser inocente de um crime público. Como podemos confiar na justiça injusta? Me perguntou dona Maria, a senhora do cafezinho essa manhã no elevador da universidade.
Porque aqueles ministros disseram que as raposas vermelhas são inocentes? Perguntou dona Maria. Tentei explicar o mérito da prova, a opinião de cada um, mas ela me olhou bem nos olhos, no fundo dos meus azuis e disparou: - Certo é certo, errado é errado. Fiquei pensando. Será?
Eu cresci numa familia grande e com conceitos de moral e justiça bem rígidos. Coisa de tradicionais familias do cerrado, onde o fio do bigode selava um negócio ou começava uma guerra. Pobre dos sem bigodes...
Mas, pessoas muito honestas que andam bastante assustadas como dona Maria com nosso justiça, ou no caso da falta dela.
O Direito com suas leis codificadas nem sempre é justo, assim, nem sempre a justiça é justa e sua aplicação não compraz satisfatóriamente. O Direito rígido, disciplina direitos. A Justiça se molda nos valores e assim, quando aplicada procura fazer feliz. Equilibrar os dois é o desafio diário dos julgadores comprometidos com a verdade.
Vendo o destino dos fora da lei e da moral, assim, como bem disse o Ministro justiceiro, bandoleiros, sendo traçado por homens e mulheres profundos conhecedores da lei e da justiça tentei fazer dona Maria compreender que a justiça é a meta de quem aplica o direito, mas ela, como toda mulher do cerrado, desconfiada me disse: - Esse povo ainda vai rir na nossa cara. Vão cumprir pena não. Vão ficar tudo livre e fazendo banana prá gente igual aquele cara da novela Vale tudo. Boa Memória televisiva pensei.
Ao sair do elevador, indo prá sala de aula, pensei naquela mulher simples e em sua forma de questionar o Direito e a Justiça.
Para ela, distantes, para mim unidos. Um não existe sem o outro, pelo menos no sistema brasileiro. Mas, ela não deixa de ter razão. Muitas vezes a Justiça passa distante das decisões das cortes.
Ser condenado no supremo não é garantia de pena aplicacada e cumprida. Nem tão pouco certeza do desdobramento desse julgamento a fim de pegar em outros processos os medalhões ou maestros do sistema de corrupção que assola esse país.
Nunca na história do Brasil se viu tanta corrupção. Em todos os níveis.
Como eu conversava com alguns alunos pela manhã. A corrupção parece regra e a honestidade excessão.
É dona Maria, o personagem do Vale tudo fez escola. Agora, pós mensalão, faculdade de corrupção.
Estão elegendo o Minsitro Joaquim o Zorro. Paladino da Justiça ( aliás, esse termo ficou um pouco gasto depois do Senador Demostenes o usar em suas campanhas e ser destituído do cargo por corrupção), mas estão fazendo do Minsitro Joaquim o salvador da pátria e tudo o que ele quer é aplicar o Direito e a Justiça. Valha me Deus.
Daqui a pouco ele desagrada a mídia e irão crucifica-lo. Sábio em sua entrevista ontem após sua eleição para o cargo mais alto do supremo ele disse que quem merecia os holofotes era o supremo. Homem humilde. Gostei dele.
Parece que suas mãos irão aplicar a Justiça e o Direito, desse jeito. Primeiro a Justiça, depois o Direito.
Acho que era isso que Dona Maria tentou me dizer. O Direito justo. Simples assim.
Como disse meu porteiro, também negro e orgulhoso do Minsitro, queira Deus que ele tenha saúde e vida suficiente prá fazer esse povo torto ficar direito. Ri com ele disso. Ele está certo. Talvez o Ministro, agora chefe, possa levar moralidade ao Brasil, porque se depender dos dois outros ministros, seus colegas, ninguém seria de fato culpado. No mínimo um inocente caixa dois. Mas afinal, caixa dois não é crime? Certamente que são. Bem disse a Minsitra.
Refletindo sobre o sentimento de Dona Maria e de seu Mauricio, o porteiro, espero que o Direito alcance os maus e os puna, e a a justiça abrace os bons e lhes devolva a felicidade, primicia maior do Direito.
É, espero mesmo que tenhamos um capitulo feliz nesssa longa história de mensaleiros e mensalões, onde ser corrupto parecia uma forma bem distinta de ser honesto.
Sinceramente amo a Justiça e confio que a Justiça humana seja eficaz e o Direito suficiente para cumprir seu dever.
Marizete Pires
11/10/2012
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Comentários
Não sei não, um passarinho quer me contar que o Ministro não vai conseguir mandar esses corruptos para a cadeia.
Excesso de pessimismo?
Pode ser, mas duvi de-o-dó !
É mais fácil chegar o dia do fim do mundo do que o dia que um Ministro mande corruptos para a cadeia.
Aliás, chega logo 21 de dezembro!
Acabei postando com errinhos de digitação. Cansada demais prá corrigir.
Desculpe. Beijinhos